domingo, 7 de novembro de 2010

Jogos no Computador

Obrigou-me a sentar. Sim, antes disso, estava de pé como de costume. Nunca me sento a ver televisão. Mas aquele programa fez-me acomodar no sofá. E fiquei a ver até ao fim.

O que é que tinha de tão interessante? Era uma reportagem sobre o mundo dos jogos de computador: sobre pessoas que dedicam boas horas por dia a jogar; sobre os campeonatos; sobre a profissionalização.

O mais extraordinário é que não se referia a alguns doidos no Estrangeiro. Não. Eram bem Portugueses. Depois de sorver avidamente o programa, deixei-me transportar para aquele mundo. Tentei interpretar o fenómeno. Um dos rapazes que aparecia era “profissional” de um jogo em particular. A família já nem esperava que aparecesse para jantar. Comia em frente ao computador. Ou esquecia-se de comer. Passava a maior parte do seu tempo naquele mundo. Sonhava com ele.

Porquê perguntava-me eu enquanto o ouvia. Não pode ser só o gosto de jogar!

“Não posso deixar de jogar porque já sou uma referência neste meio. As pessoas respeitam-me.Pedem-me “conselho”, dizia o rapaz.

Isso deu-me uma boa pista para a conclusão a que cheguei: todos temos necessidade de sermos admirados, acarinhados, amados.O interesse dos outros por nós é motor (consciente ou inconsciente) dos nossos mais profundos desejos. É força propulsora para a grande parte dos nossos actos.

Ora o sucesso dos jogos do computador está precisamente aí: na cisão que eu provoco com a realidade que me envolve; na criação de um micro- realidade sobre a qual tenho controlo; na qual experimento o sucesso.

Uma das grandes novidades dos últimos tempos tem tudo a ver com isto: chama-se Second Life (SL, para os amigos.)

Trata-se de uma realidade virtual em 3D, (3 dimensões) à qual se acede pela Internet, na qual se pode desenvolver uma vida paralela á vida real.

Os números não enganam quanto à importância deste:” novo mundo”. Nove milhões de pessoas participam nele: investindo tempo e dinheiro reais a progredir numa realidade não real.

Há virtudes óbvias nesta SL:o mundo de possibilidades alarga-se exponencialmente; a criatividade alarga os seus limites para além do imaginável. Exemplos? Pessoas com deficiência podem dançar ou voar. Alunos podem receber aulas á distância. Artistas podem criar sem se preocuparem com custos do material. Pessoas de culturas diferentes podem-se encontrar.

Mas, ao mesmo tempo, também lhe podemos encontrar o lado sombrio.

Tudo o que há de perverso na realidade humana também ali ganha um lugar privilegiado de crescimento.

De todos os defeitos talvez o mais relevante seja este: o de ser um instrumento de

excelência para fugir á realidade.

É neste ponto que contrasta a diferença entre a Second Life como instrumento de criatividade ou como veículo a esquizofrenia.

É aqui que reside a diferença entre o entretenimento saudável e o divertimento doentio.

E isto serve tanto para a televisão, como para a internet, como para qualquer outro meio de diversão: é uma pausa que faço para descansar, arejar, distender e, depois, voltar à minha vida real? Ou é um parêntese que faço para esquecer os problemas?

Se for a primeira atitude, voltarei com mais força aos meus afazeres. Se for a segunda, terei protelado a solução dos problemas fazendo-os avolumerarem-se ainda mais. Até ao ponto de rutura.

Como tudo na vida, a Secund Life, em si, não é boa nem má. Depende da forma como a usarmos e para onde nos deixarmos levar.

De qualquer forma não posso deixar de expressar as minhas inquietações: para quê uma segunda vida se já não temos tempo para viver a primeira?

Para quê investir tempo e dinheiro numa coisa que não tem consequências directas na vida real?

Para quê os filtros na relação com as outras pessoas quando podemos ter relações mais puras e naturais, ao vivo e a cores?

A ficção, apesar de tudo, não consegue superar a realidade de um olhar luminoso ou de um abraço confortante.

E o perigo de cair num mundo do faz-de-conta é tão grande, que mais vale passarmos ao lado dela do que nos arriscarmo-nos a falhar rotundamente a vida cheia de vida que continuamente nos é oferecida a cada dia.

Caros leitores este artigo acima transcrito de grande luminosidade é a verdade actual e, achando-o oportuno leva-me a descrevê-lo em” ECOS DO MONFURADO”para que os leitores façam uma apreciação do seu texto e do jeito magnifico como o seu autor nos transmite o que são os jogos no computador.

Transcrito de “Magnificat”e de autoria de João Delicado S.J., leva-nos à realidade dos tempos actuais, despertando-nos para uma ideia mais atenta do bom e do mau.

São as consequências das novas tecnologias fascinantes, que, só a consciência das pessoas deverá descortinar.

José J.Fadista Simões

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