segunda-feira, 2 de maio de 2011

LENDAS PORTUGUESAS

Caros leitores o diálogo que é a mesma coisa que uma boa cavaqueira, foi e será sempre o modo mais simpático da descoberta e do bom entendimento para um indiscreto (como eu) muito melhor.

É com o povo que em alguns modos de contar historietas (algumas de grande importância) enriquecem a nossa arca de recordações. Tudo isto vem a propósito das lendas, que por vezes nos contam das suas terras, algumas bem divertidas, amenas mas enigmáticas e outras que nos deixam quase crentes com a discrição. Pesquisar estas narrativas é maravilhoso! Aquela que já fiz menção numa crónica e que me foi contada por uma residente em S.Torcato (Guimarães) sobre o que lhe aconteceu com São Torcato, Santo glorioso martirizado e que se encontra exposto no glorioso Templo, é um exemplo a respeitar.

Exposto este preâmbulo gostaria de levar ao vosso conhecimento a lenda de Montemor-o-Novo, a linda cidade Alentejana que é nosso Concelho, extraída de lendas de Portugal e contada em verso pelo grande poeta Alentejano Conde de Monsaraz. Esta lenda das arcas fala da pobreza Alentejana, naquela época, e não fala o autor Funestador de tão funesta lenda esquecendo-se de acrescentar os bons sentimentos dos Alentejanos, trabalhadores e lutadores por uma vida melhor, evidentes e a grandeza da sua alma que será eterna.

José J.Fadista Simões

A LENDA DE MONTEMOR-O-NOVO

AS DUAS ARCAS

O Conde de Monsaraz, poeta alentejano,

Assim pôs em verso a lenda das arcas:

Entre escombros na natureza

De vetuza fortaleza,

Batidas de vento agreste,

Empedemidas, cerradas, há duas arcas pejadas,

Uma de ouro outra de peste.

Ninguém sabe ao certo qual

Das duas arcas encerra,

O fecundo manancial

Que fartará de ouro a terra

Mesquinha de Portugal;

Ou qual, se não imprudente

Lhe erguer a tampa funérea Vomitará de repente A fome, a febre, a miséria, que matará toda a gente.

Sempre que o povo faminto,

Maltrapilho e miserando,

Fosse ele Cristão ou moiro,

Entrou no tosco recinto

Para salvar-se arrombando

A arca pejada de oiro,

Quedou-se os braços erguidos.

O olhar atónito e errante,

Sem atinar de que lado

Vinha morrer-lhe aos ouvidos

Uma voz agonizante

Entre ameaças e gemidos:

«Ó povo de Montemor,

Se estás mal, se és desgraçado.

Suspende toma cuidado.

Que podes ficar pior!»?

E nestas perplexidades

E eternas hesitações

Hão-de passar as idades,

Suceder-se às gerações

E continuar na rudeza,

Batidas de vento agreste.

Empedemidas, cerradas,

As duas arcas pejadas,

Uma de oiro outra de peste.

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