quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Escoural e o Cante Alentejano
Datada de cinco séculos de existência, a então aldeia de Santiago de
Escoural, cuja origem provem da palavra “escória “ que significa
minério, foi explorado durante várias décadas, alguns dos minérios mais
preciosos.
Situada a jusante da serra do Monfurado, é a primeira terra da planície
alentejana, janela aberta para a imensidão sul do Alentejo.
As águas das ribeiras correm para o rio Sado, desvendando histórias de
vida por entre os degredos, contando os segredos ao rio e ao mar.
As suas gentes, mineiros e camponeses que por razões de sobrevivência, se
deslocavam sazonalmente para os concelhos limítrofes de todo o Alentejo,
foram interiorizando o cante tradicional alentejano nos trabalhos do
campo. Homens e mulheres cantavam como forma de amenizar a dureza
da vida.
Os poetas populares conferiram ao cante e aos cantadores, peculiares
formas de cantar quer ao despique, quer na “moda” coletiva, tais como:
Fui colher uma romã…lá vai o comboio lá vai…manjerico da
janela… mondadeira e ceifeira, alentejana….´Baleizão, Baleizão…
Lá vai Serpa, lá vai Moura… etc.
Da sua localização privilegiada, Nossa Senhora do Livramento, Senhora
da Esperança e São Bartolomeu do Outeiro, perfazem um triângulo
sagrado, tendo no seu centro Nossa Senhora de Aires, onde se realiza uma
das maiores romarias do Alentejo e por consequência, motiva o expressar
do cante religioso em terras alentejanas.
Expressão nobre, os grupos corais têm desenvolvido um meritório trabalho
em toda a sua plenitude nos últimos anos, contribuindo para o seu
reconhecimento internacional.
Neste contexto, surge a vontade dos grupos corais, em consonância com
algumas entidades de renome, nomeadamente a Confraria do Cante,
sediada em Serpa que lançou o repto a Juntas de Freguesia, aos
Municípios Alentejanos e à diáspora, uma Candidatura a Património
Imaterial da Humanidade da UNESCO.
Assim sendo, a vila do Escoural, através dos seus grupos corais e do seu
povo, cantadores ao despique e do cante espontâneo, desejam
profundamente pertencer de alma e coração a este património.
Escoural terra de cante e gentes de paz…….
José Simão Miranda
Joaquina Anes Miranda

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